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O que podemos aprender com Time Travels - About Time(2013)

  • Foto do escritor: arialitcult
    arialitcult
  • 27 de dez. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 29 de dez. de 2019


“Saturday wait,

And Sunday always comes too late,

But Friday never hesitate…” (The Cure)


A música acima é também trilha sonora do filme About Time (2013). Um romance que tem como protagonista o jovem Tim Lake, que está sempre à procura do amor e quando o encontra faz de tudo para conquistar sua amada Mary. Entretanto, Tim possui um dom, que será discutido se é uma vantagem ou desvantagem. Assim como seu pai e os demais ancestrais homens de sua família, Tim possui a habilidade de viajar para o passado. Para isso, basta ir a um local escuro, fechar os punhos, concentrar-se em um momento específico e seguir as regras. Dessa forma, é trilhada uma jornada na busca do segredo da própria felicidade.


Tim começa a amadurecer e aos poucos percebe que viajar no tempo pode não ser tão simples e que não é o suficiente para ajudar pessoas como sua irmã Kit Kat, pois a história de cada um depende de suas próprias escolhas, percepções e amadurecimento.


Enganam-se aqueles que pensam que o filme dirigido por Richard Curtis trata-se apenas de um romance e que seus alunos podem não se interessar e por consequência não promover reflexões profundas. O filme é muito mais e discute como se dá a noção de tempo e memória, além de como pequenos atos interferem em nossas histórias.


Debater com seus alunos a noção de tempo é algo enriquecedor. Observar como cada geração interioriza esse conceito em si e como não temos uma resposta absoluta, pode trazer momentos de grande reflexão na sala de aula.


Como insert podemos usar a definição apresentada no dicionário online Michaelis: “Período de momentos (...) no qual os eventos se sucedem , dando-se a noção de presente, passado e futuro.” A partir desse conceito, pode-se iniciar uma discussão sobre as concepções de tempo linear ou circular.


Outro material que pode ser usada como apoio é a publicação de Thais Cardoso, disponível no site IEA USP. Nesse material é abordado como a concepção de tempo é cultural. Por meio de uma conferência na ICA, Karl-Heinz Kohl, professor e diretor do instituto Frobenius, verticaliza sobre o assunto que é relatado no texto de Thais. Kohl afirma que sociedades geograficamente distantes podem conter noções semelhantes, enquanto que duas sociedades com territórios muito próximos, podem apresentar visões divergentes. Exemplos de sociedades com noção de tempo circular são gregos, maias e astecas. É importante ressaltarmos que diversos fatores históricos e antropológicos influenciam esse espectro, incluindo a religião. Kohl desenvolve como a industrialização reforçou a noção de tempo linear, associando-se ao progresso, e cita como exemplificação, o que ele chamou de império do relógio, no qual como rito de passagem e prosperidades, jovens ganhavam como presente os famosos relógios de bolso. Essas e mais informações são facilmente apresentadas neste material que pode ser usado como base para a aula.


Apresentar esses conceitos de forma leve para os nossos alunos pode ser uma fonte enriquecedora até mesmo no quesito auto questionamento. Qual visão mais se aproxima com o que eles acreditam? Será correta a associação de tempo linear com a evolução? Na noção de tempo circular, temos algo que pode ser visto como destino. O que seus alunos pensam sobre isso? Dessa forma, faremos de nossos alunos investigadores do meio e de si próprios.


A literatura como forma de registro usa as palavras que são sistematizada por meio de normas arbitrárias gramaticais, que subdividem as formas de como expressamos passado, presente e futuro. Criamos categorias para expressarmos em palavras as sequências de fatos, de forma que, nossos receptores compreendam e sejam situados exatamente no momento dos fatos relatados, por exemplo, se conjugo os verbos no past continuous ou opto por past perfect meu ouvinte recebe essa informação e cria um recorte temporal diferente dependendo de minha escolha.


Voltando ao filme abordado, o protagonista fazia suas viagens por meio da memória. Outro conceito inspirador para o ambiente de sala de aula. Somos frutos de nossas experiências guardadas na memória e que constituem nossos aprendizados e influenciam nossas atuais escolhas, ao mesmo tempo que tecem a nossa história. Ter a habilidade de desenvolver a memória faz parte do grande diferencial da evolução dos seres humanos, pois permite guardarmos e compartilharmos experiências, e ao fazermos o resgate desses momentos nos transportamos para situações específicas, que nos fazem até mesmo sentir as mesmas sensações sentidas naquele momento específico. Falar sobre a memória em sala de aula para alunos com faixa etária que envolvem jovens e adultos, pode desenvolver excelentes atividades nas quais compartilhamos experiências e criamos relações afetivas com o conteúdo a ser aprendido.


Levando para uma discussão mais concreta e menos abstrata, outro conteúdo a ser abordado em sala seria o movimento de transmídia que vivenciamos atualmente. O filme posteriormente foi adaptado para livro, um movimento diferente do habitual que costumava ser inverso, mas que hoje tem sido bastante explorado. Nossos alunos podem adentrar nesse mundo de adaptações e transmídias para realizarem suas próprias produções e praticarem a língua escrita e oral.


Sendo assim, uma única produção audiovisual torna-se um material rico para desenvolvermos diversas aulas, com propósitos, idades e níveis diferenciados de acordo com as suas necessidades e criatividade!

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Outras sugestões de filmes que envolvem noção de tempo e memória podem ser: De volta para o futuro (1989), Click (2006), Em algum lugar do passado (1980) e A casa do lago (2006), Como se fosse a primeira vez (2004), Para sempre (2012) e O doador de memórias (2014).


Giuliana Mancini Lelis


 
 
 

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