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Bee Movie e a noção de sociedade

  • Foto do escritor: arialitcult
    arialitcult
  • 28 de dez. de 2019
  • 3 min de leitura

É ao ritmo descontraído de “honey, honey, sugar, sugar” (by The Archies) que nos dá o tom descontraído desta animação de 2007 que adentra as aventuras de Barry, uma abelha que explora seus questionamentos sobre o seu papel na pequena colméia e como é a relação desta com o mundo dos humanos.

A princípio, trata-se de um rico material para explorar vocabulários emergentes básicos que remetem à colors, animals, nature and professions. Podendo ser usado como recurso imagético, principalmente com o público infantil. Outra forma de abordagem mais focada na língua e para níveis mais avançados poderia ser: modal verbs, conditionals and future. Todavia, ao irmos mais além da riqueza visual dessa animação, podemos encontrar em seu enredo tópicos aprofundados de discussões, como por exemplo, as divisões de papéis sociais. A estrutura da colméia é apresentada no início como sendo uma grande máquina, na qual cada abelha ganha o seu papel que deve ser assumido até o final da vida. Nessa apresentação, cada função que provém de algo tão natural no mundo das abelhas, ganha uma analogia com grandes fábricas e a organização tradicional do mercado de trabalho, que padroniza perfis de acordo com as funções e introduz seus jovens cidadãos como simples substituidores de mão de obra, forçando-os a se encaixar em tarefas pré determinadas, tal como no clássico “Another brick in the wall” da banda Pink Floyd.

Barry parte então em busca de um propósito e uma causa, a injustiça do fato de trabalharem tanto para produzir o mel que é vendido em abundância e desperdício pelos humanos. Vemos então a questão de sociedades explorando as demais para obter seus recursos e lucrar e como a nossa cultura não tem o hábito de problematizar esta questão. Barry com sua inconformidade busca por justiça e é nesse momento que temos uma grande virada nas reflexões. Sem produzirem o mel as abelhas deixam de desempenhar seu papel e buscam vivenciar o ócio. O que parecia ser um plano fantástico e proveitoso gera uma reação em cadeia, pois afinal, todos nós participamos de um ecossistema! E esse é um tema muito rico para ser trabalhado em sala de aula. A forma como as consequências surgem instantaneamente pode ser associada a uma grande fala de Sérgio Cortella.


“Voltando à ecologia, é aqui que está o erro do tratamento do ambiente em

relação aos jovens. Eles não enxergam o mundo como um bem e, portanto, são

indiferentes a ele.

Para piorar, em ecologia trabalha-se com a noção de que “vai acontecer”, em vez

de “está acontecendo”. Com esse discurso, é praticamente impossível fazer com

que alguém que tem 20 anos de idade se preocupe com algo que pode acontecer

daqui a cinquenta anos.”

(Viver em paz para morrer em paz” Cap.9)


O consumo não consciente e as interferências no mundo animal também são temas abordados em outras animações, como por exemplo, Os sem florestas (2006), nas quais os animais olham para os hábitos de consumo exagerados dos seres humanos refletidos fala crítica de um personagem dizendo que nós humanos vivemos para comer. Ilustra também a expansão instantânea das cidades tornando-se material para a rica reflexão sobre como interferimos e interagimos com a natureza em prol da modernização e o consumo compulsivo de nossa sociedade. Outro filme interessante para se abordar é a animação Zootopia (2016), sendo uma versão ainda mais crítica e densa sobre os papéis sociais, e, até mesmo, formas de preconceito na composição das relações sociais em grandes metrópoles.

Trazer discussões como organização da sociedade, papéis sociais, consumo, ecossistema e sustentabilidade é sempre um ótimo movimento que demonstra o quanto cultura e língua estão atrelados. No filme, após Barry mostrar para o mundo que possui a habilidade da fala é que ele consegue movimentar e questionar as organizações. A língua modifica as organizações sociais e vice versa.


Giuliana Mancini

 
 
 

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