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Como aprender com Harry Potter em sala de aula

  • Foto do escritor: arialitcult
    arialitcult
  • 13 de jul. de 2019
  • 4 min de leitura

https://pixabay.com/pt/illustrations/hogwarts-coruja-hedwig-2036645/

Abordar a saga mais famosas de todos os tempos, que arrecadou números grandiosos de bilheteria e venda e possui parques temáticos e uma grande imensidão de utensílios de todas as áreas comerciais, pode ser uma tarefa nada fácil em sala de aula. Isso porque trata-se de algo que os seus alunos consomem avidamente e seus conhecimentos muitas vezes se mostraram mais detalhados e atualizados que o do próprio professor, e ainda é preciso ser cauteloso, embora a grande massa consuma e entenda sobre esse universo, isso não quer dizer que todos os seus alunos irão amar o tema, pode não ser do agrado de todos. Então, qual será o seu diferencial? Para falar de Harry Potter é preciso adentrar esse universo rico que seus alunos conhecem cada minucioso detalhe, mas se eles conhecem os detalhes do produto final, leve-os a dar um passo para trás e os leve a refletir, como a autora criou esse universo? Quais foram suas inspirações? Quais foram seus recursos? E o mais importante, deixe claro que se ela criou esse universo baseado nas experiências que ela possui de mundo, seus alunos também são capazes de fazer o mesmo!


Deixe os compartilhar o que sabem sobre a diversidade de Harry Potter na cultura Pop, que vão desde games, artefatos, cosplay e eventos. Fãs de todas as partes do mundo se organizam e se encontram para reproduzir aspectos culturais do mundo mágico. Um exemplo é o esporte quadribol, que possui grande importância no universo bruxo e que atualmente tornou-se uma prática que possui até mesmo uma copa do mundo, que ocorre a cada dois anos desde o ano de 2012, segundo matéria publicada no Estado de S. Paulo. Adaptado com um bastão entre as pernas fazendo alusão a vassoura, o jogo conta com as mesmas regras, integrando os elementos da obra original. Até mesmo um torneio tribuxo já foi elaborado por fãs. Essa cultura pop abrange diversos setores e não somente no mundo do Harry Potter, podemos citar fãs da saga Percy Jackon que reúnem-se em parques para reviver o acampamento semideus e suas dinâmicas. Dessa forma, podemos refletir sobre a influência da ficção de acordo com o estilo de vida, mostrando como ela é agregada nas nossas interações, une gerações e fronteiras, e cria laços em comum entre os consumidores construindo o que na sociologia denomina-se tribos urbanas, que por consequência aumenta o espaço de consumo, movimentando e ampliando as interações sociais.


Para que esse movimento citado acima ocorra, é necessário que a obra cative seus leitores para que possam expandir o mercado e ampliar o universo do seu público alvo, entre eles a fanfic que estabelece a comunicação do autor e as tribos urbanas. Sendo assim, um dos instrumentos a identificação. O trio principal composto por Harry, Hermione e Rony nos traz cumplicidade e representatividade das diversas fases nas quais passamos da infância até a juventude, como namoros, escolhas de amizades, desavenças, interesses como livros e esportes, interação escolar, a discriminação de classes, como no caso da família de Rony, as perdas de pessoas amadas que percorrem nossas trajetórias, cumplicidade e até mesmo o contato com diversas ideologias, sendo esse último, um tema que se faz extremamente presente na obra de J.K. O tema miscigenação e discurso de ódio contra a diversidade é algo trabalhado por meio dos discursos do vilão. Se por um lado temos um anti herói que propaga discurso de ódio e superioridade, do outro temos um ministério que ao invés de defender seus cidadãos, sente-se acuado, com um posicionamento tardio e repercutido por corrupção e jogo de interesses, um cenário recorrente na política do mundo real, sendo representada com as questões ideológicas que presenciamos em nossos cotidianos.


Outro ponto de forte identificação também ocorre por meio das figuras femininas, que não somente movimentam a história como são peças chaves para suas resoluções. É o ato de amor da mãe de Harry que desencadeia a marca que será o estopim da geração posterior, é o seu feito que coloca o obstáculo ao império do vilão, coloca em dúvida sua ideologia, fazendo seus seguidores se acovardarem e passar anos escondidos. É a ternura da mãe da família Weasley que suporta a opressão e permanece fiel a suas convicções. E por fim a sabedoria de Hermione que faz com que o nosso personagem principal não simplesmente escorregasse nas soluções, e sim as encontrasse por intermédio da forte figura feminina. O leitor ávido percebe, se identifica e estabelece relações, e mesmo se tratando de um mundo fantasia, é capaz de relacionar e perceber esses instrumentos de combustão, um exemplo disso é a imagem abaixo retirada da internet, realizada por leitores que identificam a importância da personagem secundária durante a saga.


https://mdemulher.abril.com.br/cultura/e-se-harry-potter-tivesse-seus-titulos-inspirados-em-hermione/

Discutir de forma aprofundada com nossos alunos os temas abordados na saga e seus instrumentos de construção faz com que eles sejam incentivados a criar suas próprias produções. Entender que ser escritora não é ser um ser iluminado provindo de um dom sobrenatural, e sim uma pessoa que observa o mundo ao redor, analisa suas experiências e por meio de instrumentos da escrita foi capaz de criar um universo rico em detalhes, mas que só foi possível, pois recria a cultura na qual estamos inseridos, e em certos momentos, o grande destaque a cultura britânica, na qual a própria autora vivência.

Promover um espaço de incentivo, troca de experiências, entendimento dos percursos do enredo e compreender as críticas da escritora, faz com que mesmo tendo domínio da saga o seu aluno possa, tal como uma agulha, poder puxar um fio e desenvolvê-lo amarrando a vários elementos, informações e experiências que os cercam e entender a língua como instrumento de expressão, crítica e identificação mesmo que no mundo fantasia. Promover um espaço no qual por meio do entendimento crítico das histórias que o aluno consome, ele pode partir para a construção de suas próprias histórias, ou até mesmo, continuações, como é o caso das fanfics.


Giuliana Mancini

Coautora Bruna Tavares



 
 
 

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