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Northanger Abbey

  • Foto do escritor: arialitcult
    arialitcult
  • 28 de dez. de 2019
  • 5 min de leitura

Atualizado: 10 de jan. de 2020


Romance escrito por Jane Austen e publicado no século XIX que conta a história de Catherine Morland, uma jovem que possui uma ingênua imaginação inspirada nos romances da literatura gótica, ao mesmo tempo em que adentra a sociedade britânica e aos poucos conhece suas regras e jogos de interesses.


Jane Austen é popular atualmente devido a longa lista de adaptações, releituras e paródias que são consumidas por jovens de várias gerações. Falar de uma escritora do movimento romancista pode parecer distante para os nossos alunos, mas na realidade ela se faz muito presente em seus cotidianos. Filmes como: As patricinhas de Beverly Hills (1995), O diário de Bridget Jones (2001), O clube de leitura de Jane Austen (2007), Austenland (2013), Amor e amizade (2016), entre outros que são muito populares, além, é claro, das várias adaptações fiéis aos livros produzidas pela BBC, longas para a TV, ou premiados filmes que encantam o público e ganham diferentes versões. Seus enredos já foram adaptados para musicais, contos modernos, novelas e até mesmo histórias de zumbis. Conversar com nossos alunos sobre como a diversidade nas adaptações nos aproximam da literatura, é uma boa oportunidade para dar espaço para que eles mesmos possam fantasiar e produzir com base em suas histórias favoritas, tendo sempre como prioridade discutir a diferença entre referência, paródia, adaptação e plágio, e trazer as seguintes reflexão para a sala de aula: Como nossos alunos podem identificar as influências do passado em nossas formas atuais de contar histórias? O que essas histórias revelam sobre nós?


Dentre tantos romances da autora, a escolha por Abadia de Northanger se faz por meio de sua abertura para diferentes temas culturais que podem e devem ser trabalhados em aula. O livro é um instrumento de crítica à sociedade e caracteriza um forte posicionamento feminino que se relaciona aos dias atuais. A cidade de Bath é apresentada como centro cultural e de eventos sociais que determinam condutas e papéis da mulher na sociedade, onde ocorre, também, a quebra de expectativas e inocência da protagonista, levando posteriormente ao amadurecimento da heroína que aos poucos compreende os efeitos de suas ações, redes de contatos e sua postura. Uma analogia pode ser feita as grandes cidades atuais como Nova York, Londres, Paris, São Paulo, entre outras que prometem ser o centro de muitos eventos, oportunidades e informações, mas que apresentam suas regras próprias, modelos e principalmente exige uma certa malícia de seus cidadão. Por meio de suas descrições podemos conhecer a maneira como os personagens se conhecem, seus interesses e costumes aos serem apresentados (como por exemplo, a presença de um mestre de cerimônias para apresentar pessoas). As conversas sobre o tecido Musselina que representava a moda da época pode ser comparado a conduta atual dos jovens que mostram seu status e imagem através da vestimenta, que antes era refletida na sociedade por meio de tipos de tecidos e hoje passou a ser por meio de marcas e logos. Outra relação está na maneira como a posição social e o dinheiro herdados eram de grande importância para os casamentos, atualmente associados à qualidade de vida, estabilidade financeira e emocional. Esses e outros elementos que também aparecem na obra de forma evidente constroem o cenário de como era a realidade da sociedade desse período, que tal como nas séries, filmes e livros atuais, refletem o desenvolvimento do papel coletivo entre os jovens de acordo com a realidade social em que está inserido, consequentemente deixando marcas que serão futuramente registros para que os futuros receptores conheçam mais sobre nossa dinâmica, costumes e prioridades atuais.


Durante o enredo, Jane Austen faz crítica não somente aos romances góticos, o que na sua opinião, não representavam de forma alguma a realidade, como também critica a construção das heroínas desses romances que recebiam características e modelos de posicionamentos que eram ditados pelos escritores homens que as moldavam e replicavam para a leitura das jovens mulheres que sonhavam em seguir esses modelos, o que se relaciona com as mídias atuais que ditam comportamentos e padrões femininos a serem seguidos.


From Pope,

she learnt to censure those who

"bear about the mockery of woe;"

from Gray, that

"many a flower is born to blush unseen, and waste its fragrance

on the desert air";

from Thompson, that

"it is a delightful task to teach the young idea how to shoot;"

and from Shakespeare

she gained a grat store of information - amongst the rest, that

"trifles light as air, are, to the jealous, confirmation strong as proof of Holy Writ",

that "the poor beetle, which we tread upon,

in corporal sufferance feels a pang as grat as when a giant dies;"

and that a young woman in love always looks

"like Patience on a monument

smiling at Grief."

(Northanger Abbey,Chapter I)



Para alguns pode ser estranho falarmos que uma escritora romancista de dois séculos atrás discutia sobre sexismo, pois acredite, ela o faz e em um discurso muito belo pronunciado pela personagem principal masculina, que ao flertar e questionar sobre o que Catherine escreveria em seu diário sobre a noite de encontro de ambos, ele nos traz uma verdadeira lição a respeito dos talentos que são atribuídos a mulheres, apenas por seu gênero, e que na verdade tira seus méritos de esforço e prática.


Everybody allows that the talent of writing agreeable letters is peculiarly female.

Nature may have no done something, but I am sure it must be essentially assisted

by the practice of keeping a journal.

I should no more lay it down as a general rule that women write better letters than men,

than that they sing better duets, or draw better landscapes.

In every power, of which taste is the foundation,

excellence is pretty fairly divides between the sexes.

(Northanger Abbey, Chapter III)


Janet Todd, autora do livro The Jane Austen Treasury, desenvolve um lindo trabalho explorando o contexto histórico, pessoal e escrita de Jane Austen, e afirma que (…)she (Catherine Morland) learns that language is not always used simply to represent reality and that novels are not real life, but that, read carefully and intelligently, they could help a reader judge and interpret real life. (p.30). Uma reflexão que nos faz refletirmos sobre o papel da literatura em nossas mentes e emoções.


Trabalhar com esse livro em sala pode não ser fácil, pode elencar temas polêmicos e requer um desenvolvimento mais cuidadoso e trabalhoso, mas que sem dúvidas trará bons frutos para o senso crítico e ampliará a visão de mundo de nossos alunos. Sua linguagem não é complexa e conta com o recurso de uma ótima adaptação feita para a televisão em 2007, que integra no elenco a famosa atriz Felicity Jones e J J Feild em um roteiro bem fiel ao livro original, sendo um ótimo recurso para despertar o interesse e facilitar a compreensão e debate em sala.


Discutir como o nosso contexto histórico é registrado em nossas produções, quais são os modelos nos impostos pela sociedade, como o machismo e sexismo ainda permeia nossos discursos e formas de nos relacionarmos é a fonte de material para diversas atividades em sala de aula e que despertam o senso crítico em nossos alunos.


Giuliana Mancini


 
 
 

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